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Como primeira palestra da disciplina, tivemos logo um dos meus temas preferidos: arte eletrônica!

Primeiramente, a professora Rejane nos perguntou o que um designer estará projetando no futuro -exatamente o que supostamente precisamos aprender na faculdade-, mas antes de tudo precisamos saber o que um designer está projetando nos dias de hoje. A partir disso, ela contou sobre toda a sua trajetória como designer, impressionando a todos. Ela também nos mostrou alguns de seus projetos e trabalhos: instalação interativa Netizens, campanha nacional contra o tabagismo de 2008, projetos “Fome de Que?” e “Sentidos do Nascer”. Na minha opinião, todos são de extrema importância e abordam questões muito interessantes.

Além desses exemplos artísticos, foi a primeira vez que ouvi falar de Eduardo Kac. E, buscando além de Kac em arte eletrônica, encontrei Fabiano Mixo. Ele estudou comunicação na PUC-Rio e ganhou o ”Prêmio do Público” no Lumen Prize, um dos prêmios de arte digital mais importantes do mundo, com o seu filme cubista inspirado no quadro “Girl with a Mandolin (Fanny Tellier)” – ”Menina com bandolim” do pintor espanhol Pablo Picasso. Portanto, é um trabalho híbrido entre artes plásticas e o cinema. Nunca tinha visto algo parecido antes, nem sabia que era possível. Então, ver esse hibridismo tão bem e cuidadosamente trabalhado me deixou sem palavras.

Outro trabalho de Mixo que também chamou a minha atenção foi uma videoinstalação recriando primeira cena do cinema em 360º graus. Em “Cartas a Lumière – a chegada do trem à estação”, a obra dialoga com L’arrivée d’un train à La Ciotat (A chegada do trem à Estação Ciotat) e La Sortie de l’usine Lumière à Lyon (A Saída da Fábrica Lumière em Lyon), ambos de 1895 e dos irmãos Lumière, por mostrar trabalhadores, trens e a realidade em fragmentos. Quanto a escolha de fazer a obra em 360º graus, apesar da dificuldade para gravar e editar, ele quis formar um paralelo entre a imagem em movimento como grande avanço tecnológico do século XIX e a realidade virtual como grande avanço tecnológico do século XXI. Ainda sobre a realidade virtual, ele diz que é uma “mídia interativa que parte da subjetividade de quem olha; forma do autor de dividir a sua autoria”. Simplesmente genial.

Nos dias de hoje, ganhamos um espaço específico para apreciar e experimentar a arte digital, que modificou bastante o que era na década de 60, quando houve as primeiras manifestações desse estilo. Esse ano, o FILE chega ao Rio de Janeiro com instalações em massa e o tema: “A arte eletrônica na época disruptiva”. Por época disruptiva, refere-se à inovação disruptiva, noção criada pelo professor e mestre da administração Clayton Christensen. Em seu livro “O Dilema da Inovação: quando as novas tecnologias levam empresas ao fracasso”, ele define o conceito como um processo de destruição da concorrência, que consolida um novo mercado, resultando em novos comportamentos dos consumidores e, portanto, uma nova forma de sociedade e de cultura. O que tiro disso é que a arte acompanha a sociedade atual, disruptiva, mas poderia ela ser considerada disruptiva também?

Considerando que a maioria do acervo de arte digital produzida são instalações que buscam interatividade, já exemplificadas anteriormente, é possível formar um paralelo entre as instalações tradicionais e as novas, que seriam as digitais. Por natureza, instalações sempre foram como “obras abertas”, que dão uma sensação de inserção e presença, ao mesmo tempo que aumentam a participação do espectador e permitem trocas com o espaço. Mas, agora, esse conceito pode ser expandido a partir do momento que novos meios de propagação são explorados, sendo responsáveis, exemplificativamente, por provocar novas sensações e percepções: experimentação do movimento real simultaneamente ao virtual e a imersão em ambientes de realidade virtual. Portanto, há uma ruptura na forma tradicional de apreciação de obras, que consideram as inovações tecnológicas e a diversidade dos novos comportamentos da sociedade atual. Além disso, é possível concluir que também há uma modificação na forma como o receptor e o produtor se relacionam com a produção artística, pois é uma interação homem X máquina.
Referências bibliográficas:

Tendere, FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica. Disponível em: < http://www.tendere.com.br/blog/2013/07/30/file-festival-internacional-de-linguagem-eletronica/ >. Acesso em 24 de março de 2018.
FILE, FILE RIO DE JANEIRO 2018 – A arte eletrônica na época disruptiva | CCBB. Disponível em: < https://file.org.br/file_rio_2018/file-rio-de-janeiro-2018-electronic-art-in-the-disruptive-age-ccbb/?lang=pt >. Acesso em 16 de abril de 2018.
YouTube, O Dilema do Inovador | Clayton Christensen. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=p9ylYXMIeoU >. Acesso em 16 de abril de 2018.
Negócios Disruptivos, LIVRO: O DILEMA DA INOVAÇÃO – de Clayton Christensen. Disponível em: < http://www.negociosdisruptivos.com/livro-o-dilema-da-inovacao-de-clayton-christensen/ >. Acesso em 16 de abril 2018.
YouTube, Curta em Cena debate realidade virtual | Entrevista completa. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=ePH43vgPq5Y >. Acesso em 24 de março de 2018.
DASartes, Artista brasileiro recebe um dos prêmios de arte digital mais badalados do mundo. Disponível em: < http://dasartes.com/noticias/artista-brasileiro-recebe-um-dos-premios-de-arte-digital-mais-badalados-do-mundo/ >. Acesso em 24 de março de 2018.
HISTÓRIA DA COMPUTAÇÃO GRÁFICA E NOVAS MÍDIAS blog da disciplina – prof Aline Couri / HA EBA UFRJ, O USO DE NOVAS TECNOLOGIAS NO CAMPO DA ARTE: O EXEMPLO DA REALIDADE VIRTUAL. Disponível em: < https://hcgnm20151.wordpress.com/2017/06/29/o-uso-de-novas-tecnologias-no-campo-da-arte-o-exemplo-da-realidade-virtual/ >. Acesso em 24 de março de 2018.
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