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A palestra de hoje foi baseada na apresentação de 3 novos conceitos (ubiquidade, transumanismo e singularidade) consequentes da tecnologia seguida de discussões, dadas pelo professor Marcelo Pereira. Eu conhecia apenas o primeiro do ponto de vista de uma autora. A popularização da conectividade por meio de dispositivos móveis facilitou a interação de grupos sociais e ampliou a troca de informações, que também se tornou bem mais rápida e ubíqua. Sobre ubiquidade Lucia Santaella afirma que:

“O conceito de ubiquidade sozinho não inclui mobilidade, mas os aparelhos móveis podem ser considerados ubíquos a partir do momento em que podem ser encontrados e usados em qualquer lugar. Tecnologicamente, a ubiquidade pode ser definida como a habilidade de se comunicar a qualquer hora e em qualquer lugar via aparelhos eletrônicos espalhados pelo meio ambiente. Idealmente, essa conectividade é mantida independente do movimento ou da localização da entidade.(...) Evidentemente, a tecnologia sem fio proporciona maior ubiquidade do que é possível com os meios com fio, especialmente quando se dá em movimento. Além do mais, muitos servidores sem fio espalhados pelo ambiente permitem que o usuário se mova livremente pelo espaço físico sempre conectado.” (Santaella, Lucia Comunicação ubíqua: repercussões na cultura e na educação / Lucia Santaella. – São Paulo: Paulus, 2013. – (Coleção comunicação)

Decidi começar a pesquisar a partir do próprio criador desse conceito e chefe do Centro de Pesquisa Xerox PARC, Mark Weiser, ambos mencionados pelo palestrante. De acordo com o mesmo e Brown (THE COMING AGE OF CALM TECHNOLOGY[1], 1996), a computação eletrônica passou por duas grandes eras:

A era do Mainframe (1940-70) – início da era da computação - muitas pessoas compartilhando um computador.

A era do PC (1970-2000) – um computador para uma pessoa.

Agora, já estamos na era da computação ubíqua (2000-hoje).










Nesse esquema, a computação ubíqua beneficia-se dos avanços tecnológicos de ambos os lados. “Portanto, é a integração entre a mobilidade com sistemas e presença distribuída, em grande parte imperceptível, inteligente e altamente integrada dos computadores e suas aplicações para o benefício dos usuários.” O XEROX PARC vem desenvolvendo projetos de comunicação ubíqua e a partir de 1990 alguns protótipos foram desenvolvidos e comercializados.

Alguns dos protótipos desenvolvidos pelo Xerox PARC, também mencionados pelo palestrante.

Liveboard – Já utilizado atualmente, é um como um quadro-negro, mas eletrônico, sensível ao toque e armazenando informações inseridas através de uma caneta.

Pad - Já ultrapassado, foi um notebook com microfone e caneta eletrônica acoplada, com comunicação por rádio a 240kbps. Era um dispositivo fixo, sem mobilidade.

Tab - Pequeno dispositivo portátil com tela sensível ao toque para a entrada de informações. Era ligado automaticamente quando o usuário interagia. Através de conexões infra-vermelho se comunicava com outros dispositivos.

Pensando ainda sobre esse tema, basicamente a tecnologia na sociedade atual, encontrei benefícios e malefícios. A parte boa é poder ultrapassar fronteiras, ter contato com o diferente, interligar mentes, compartilhar conhecimento e ideias... enquanto, alguns problemas de ubiquidade são: segurança, excesso de informações, fake news, privacidade, entre outros. Aí que a ética entra no campo da tecnologia, com discussões longas atuais e de extrema importância.

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O segundo conceito é muito polêmico e novo pra mim, ainda não tenho uma opinião formada. Pereira falou sobre simbiose e transumanismo, usando como exemplo o biohacking. Vimos um vídeo sobre uma mulher que conseguiu implantar imãs nas pontas dos dedos, aumentando seus sentidos e confesso que fiquei um pouco traumatizada. Acho que assim como o tema anterior, a ética entra nessa discussão. Na internet, encontrei opiniões vindas dos dois lados e um dos biohackers mais famosos me fez ficar mais flexível. Neil Harbisson é o homem que consegue ouvir cores, ele nasceu com uma síndrome que o fez totalmente incapaz de reconhecer as cores, vê o mundo em preto e branco; mas para resolver isso, desenvolveu e implantou, com auxílio de médicos, um sistema que permite a ele ouvir um som para cada tipo de cor reconhecido pela câmera acoplada à sua cabeça. Cada cor vibra em uma frequência e, com o tempo, seu cérebro começou a associar cada som a uma cor. Assisti a sua palestra no TED e gostei muito do seu ponto de vista, bastante amigável, em que ele diz que a câmera já faz parte do seu corpo.

Quando estava pesquisando sobre arte eletrônica, encontrei uma obra transumana que já foi exposta no FILE. Na obra “Heart Pillow”, os artistas Bernardo Schorr e Maria Paula Saba desenvolveram um objeto transumano que reproduz os batimentos cardíacos de uma pessoa em tempo real. “Ele permite que a própria pulsação da vida seja transferida para um objeto de uso cotidiano – um travesseiro –, que assim funciona como uma extensão corporal do usuário e como uma adaptação da própria vida, brincando com nossas percepções sobre como a vida pode ser definida.”

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Por fim, o último conceito foi o de singularidade. Na palestra, debatemos sobre vários filmes/séries de ficção científica que abordam o tema da inteligência artificial, um dos meios possíveis para que ocorra a singularidade tecnológica. Pereira mencionou Vernor Vinge, o criador do conceito em questão, que acredita que as máquinas vão ultrapassar a inteligência humana em 2030 e a Lei de Moore, que estabelece um crescimento exponencial de processadores.

No meio disso tudo, encontrei a Boston Dynamics, que era uma empresa voltada para a criação de robôs com aplicação militar e já foi adquirida pelo Google. No momento, ela está criando robôs com movimentos altamente desenvolvidos. É o exemplo do do robô humanoide, chamado Atlas, que é quase um atleta pela sua capacidade de saltar e se equilibrar. Esse é apenas um dos robôs da Boston e alguns podem ser realmente assustadores.

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Essa palestra foi muito bem dada e extremamente interessante, apesar de algumas cenas chocantes, nos fez refletir sobre tudo.
NOVOS TERMOS, NOVAS IDEIAS
Referências bibliográficas:

DZone, Reclaiming Your Data and Your Software. Disponível em: < https://dzone.com/articles/reclaiming-your-data-and-your >. Acesso em 9 de maio de 2018.
Hardware, Computação ubíqua. Disponível em: < https://www.hardware.com.br/artigos/computacao-ubiqua/ >. Acesso em 9 de maio de 2018.
SANTAELLA, Lucia. A Ecologia Pluralista da Comunicação. Conectividade, mobilidade, ubiquidade. São Paulo: Paulus, 2010.
Mude.nu, Biohacking: como hackear sua biologia para se tornar uma versão sobre-humana de você mesmo. Disponível em: < https://mude.nu/biohacking/ >. Acesso em 9 de maio de 2018.
Haft2, Listening to Colour with Neil Harbisson. Disponível em: < http://www.haft2.com/listening-to-colour-with-neil-harbisson/ >. Acesso em 9 de maio de 2018.
Tendere, FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica. Disponível em: . Acesso em 24 de março de 2018.
Olhar Digital, Robô Atlas da Boston Dynamics agora consegue dar um 'mortal para trás'. Disponível em: < https://olhardigital.com.br/noticia/robo-atlas-da-boston-dynamics-agora-consegue-dar-um-mortal-para-tras/72409 >. Acesso em 9 de maio de 2018.